Thursday, December 20, 2007

I choose my best smile and for you, I will only use the good words

Sexto Sentido

Mulher. Doce, discreta, sensual.
Mulher. Mulher e os seus ícones.
Mulher. Pele
O toque suave num corpo feminino, definido por linhas que ninguém ousou desafiar
O primeiro dos sentidos, pecador.
Mulher. Cheiro
Intenso e doce que é tão fácil de lembrar e tão difícil de esquecer
O segundo, indescritivel.
Mulher. Olhar
Como arma, olhos profundos que dispensam apresentações, e aos quais é impossível escapar
O terceiro, sedutor.
Mulher. Lábios
Um beijo. Expressão máxima do amor que nos sai dos poros e nos serve de oxigénio
O quarto, inesquecível.
Mulher. Som
Quando os pés descalços pisam o soalho de madeira que range e marca o ritmo dos seus passos de sapato de cunha
O quinto, ecoante.
Mulher. Homem
Os cinco sentidos fluem em direcção a um sentido. O sexto
Todos os outros são-lhe dedicados
Ao sexto sentido.

Thursday, December 6, 2007

Cheiro de Natal

Natal.
Toda a gente na fila para embrulhar os seus vigorosos presentes.
Aquela fila é uma competição para ver quem conseguiu adquirir o maior presente.
“Depressa, ainda nos faltam comprar mil e um presentes e o Natal é daqui a pouco tempo”
O Natal é tempo de correrias incessantes para o centro comercial mais próximo, Natal é tempo de fazer muitos favores aos nossos pais e ajudá-los muito porque queremos bastantes presentes. Ninguém pára para, realmente, se inteirar do Natal.
O que é? O que é suposto fazermos?
Já que todos concordamos que não é uma época como qualquer outra época do ano, o que é suposto fazermos de diferente?
Se o meu Natal tivesse um guia eu ia querer que ele fosse mais ou menos assim:
Nos primeiros dias do mês de Dezembro, acenda a sua lareira e observe as chamas.
Vai inteirar-se de que está frio, e vai apetecer-lhe um cacau quente. Faça-o.
Depois, não se contente com o sentimento confortável e aconchegante que o cacau lhe traz, re-decore a sua casa.
Tire do sótão esquecido a caixa de cartão que guarda a árvore de Natal e todos os seus enfeites, e monte-a.
Entoe canções de Natal. Vai sentir-se a entrar, devagar, no espírito.
Decore a sua árvore, a sua sala e a fachada da sua casa.
E agora? Para si, já é Natal?
Lembre-se que dia 24/25 vai ter as pessoas que mais ama sentadas a sua volta, vermelhas de tanto rir e sorrir, no jantar sagrado que você preparou.
Aí, vai sentir-se bem. Realmente, verdadeiramente bem.
Volte atrás nas suas memórias e verifique que a felicidade é uma constante em todos os vinte e quatros e vinte e cincos de Dezembro da sua vida.
O último ponto do meu guia iria ser “seja solidário” apenas porque há um mundo que precisa de nós. É razão suficiente.
Nesta época que traz uma felicidade acrescida e especial, seja solidário. Nesta época e se possível em todas!
Esta época requer carinho, família, alegria e paz.
Há alguém, mesmo ao seu lado, que não tem… Dê!
Dê uma parte de si próprio porque há um mundo (um mundo de alguém) que precisa de nós, que precisa de um bocadinho do seu.
O meu guia, que é muito adoptável, inclui os seguintes Mandamentos da Lei da Solidariedade:
Abandone a fila de embrulhar os presentes. Ofereça bens essenciais, e não materiais, a quem precisa.
Abandone o centro comercial. Visite um hospital, um lar, uma instituição…
Sorria. Dê. Ajude. Voluntarie-se. Mais!
E não se deixe cair na ideia de que o Natal é mais uma hipocrisia da sociedade capitalista porque é você que faz o seu Natal.
Está nas suas mãos!Torne o Natal num Mundo. Um Mundo que precisa de nós.

Monday, November 26, 2007


Estranha a maneira como me olhas.
Não me olhas, devoras-me...
Como se isso fosse bom.
Em tempos fomos soldados da mesma batalha e agora já nem pisamos o mesmo chão.
Apetece-me fugir.
Voar numa rua onde não consiga ver o fim.
Prazer. Ter, mesmo, essa sensação.
Porque me magoa perder-me de ti, mas falta-me encontrar o regresso.
Porque preciso que te levantes do chão frio e que venhas comigo.
Abre
abre o teu baú e deixa-me ver as tuas cores
Repara
repara no cheiro do meu cabelo que perfumei de propósito para ti
Toca-me
toca-me uma música original
(faz os teus calculos e traça-me
Verás que estou atada a ti e para nos separar não chega a força que o Homem faz para separar um átomo)
Agarra
agarra-me pela mão e fugimos os dois.
Agora não estás a meu lado
e eu continuo a correr.

Monday, November 19, 2007

No tomorrow

Today
I'm gonna find myself
So I won't cry for you
And for nobody else.

I can run
You can follow
Meet me there
There's no tomorrow.

Never think of yesterday
Cuz' you're always on my mind
I trust you and I forget
Without me you'll never find
Now my tears will never drop
When you leave and take my heart
I need you so never Stop
Uuuh uuh uuh uuh uuh uh uh

( Mérito de Rita Almeida, Silvia Ferreira e Laura Felicio )

Dois Minutos

O mundo já não é redondo.
Bolas, já nem os relógios são redondos!
Quer isto dizer que já nada é cíclico e por isso determinado?
Eu sei lá se houve alguém superior e transcendente que me planeou a vida...
De qualquer maneira prefiro acreditar que, cada passo imprevisível no meu caminho, é imprevisível para mim e para todos! Quer na terra, no céu ou no inferno!
Tomo o meu café aveludado, de prazer, e já nem me sabe a café nos meus lábios! Sabe a terra.
Caramba nesta terra já ninguém sabe de si mas toda a gente sabe onde está.
Gosto desta música calma que ouço. Embala-me e leva-me longe do momentâneo.
Esta melodia cria-me uma nostalgia doce e lenta, como naquele domingo em que fiquei na cama acordada a ouvir a chuva vir bater na minha janela. Aí, lembro-me, a única coisa que desejei foi companhia a meu lado.
Desejei alguém que ficasse, para sempre, alguns minutos.
Porque é que este espaço onde a minha alma voa tem de ser tão curto?
Se lerem calmamente, descobrirão, como eu, que são só dois minutos!
Apeteceu-me ser confusa e fugir áquilo em que regularmente penso. Estes meus apetites

Thursday, November 15, 2007

Conceitos abstractos numa folha

A nossa necessidade de estarmos sempre acompanhados é espantosa.
Reparem... Nunca ninguém está sozinho!
Mesmo até no meio emaranhado do nosso maior problema, quando pensamos que é impossível sair dali ou é impossível encontrar uma saída para o nosso grande dilema, há sempre alguém ao nosso lado. Simplesmente ali, a observar-nos. E pronta a amparar-nos ao nosso mínimo desvio do caminho. Disposta a dar até que lhe doa, e a sentir alguma parte, mesmo que mínima da nossa dor. Mas sente.
E é bom! É bom estarmos tão concentrados em nós póprios e olhar para o lado e ver alguém sorrir-nos.
Ajuda a levantar a cabeça e voltar de novo à terra.
Agora falta encontrar qual somos...
Se o emaranhado em si ou o emaranhado nos outros.
Claro que o ideal é sermos os dois, em fases distintas. Mas o perfeito e o ideal parecem coisas que ainda passam tranquilamente ao lado do ser humano.
E se olharmos bem para trás, se olharmos bem fundo para nós, há uma das facetas que está mais presente.
E isso é um determinante da nossa felicidade...
De qualquer maneira, fica a ideia base, para não complexar muito... Para que haja o mínimo de equilíbrio e balanço temos que nos posicionar no meio.
Pensar que não somos os melhores mas certamente também não somos os piores. Pensar que temos pessoas que gostam de nós e certamente pessoas que, pura e simplesmente não vão com a nossa cara. E por fim, pensar que há pessoas a quem nos devemos entregar e outras que, no fim, não merecem a nossa atenção.
Voltando ao ponto de partida e relacionando tudo...
Primeiro, é bom ter alguém do nosso lado. Assim, morte, vida, felicidade e tristeza marcam pegadas a dois.
Segundo, é essencial que acreditemos que temos alguém assim, pelo menos um... Para poder partilhar a nossa individualidade.

Monday, October 29, 2007

"Back-seat"

Já passou algum tempo desde que tive de optar por um curso no secundário mas o assunto é permanentemente presente.
A minha irmã tem de fazer a mesma escolha este ano, amigas mais próximas mudam de curso e ainda mais próximas nem estão no curso onde realmente gostariam de estar por impedimento dos paizinhos que insistem em conduzir os meninos pelos caminhos mais frutivos do ponto de vista lucrativo.
Não importa se os filhos passam a vida a comprar telas para desenhar porque serão grandes biólogos daqui a 10 anos.
Os filhos pouco ou nada podem fazer contra isso, normalmente a autoridade é imposta sem um centímetro para discussão, e assim são levados desde cedo pelas "pegadas" do papá e da mamã, o que não seria mau de todo se fosse o que realmente quisessem, mas nesse ponto já nem têm noção do que é o "eu quero para o meu futuro", vivem alienados.
Este é apenas um dos exemplos que mostram prontamente que há pouca gente que tem a sorte de conduzir a sua vida e meter-se pelos atalhos que achar melhor, e se por acaso se enganar, assumir as consequências e os riscos.
Hoje, e em quase todas as situações, os jovens sentam-se confortavelmente no banco de trás e deixam o lugar de condutor para outra pessoa. Dá tanto trabalho "conduzir", é cansativo!
Isto torna-nos tão influenciáveis, tão acomodados, alienados, não arriscamos nem tentamos sequer, e somos infelizes sem o saber.
Isto remexe todo o meu eu aqui dentro.
Eu aconselho muito mais vezes o "faz" do que o "Oh não, não vale a pena".
Portanto, meus colegas de faixa etária, passem para o banco da frente e metam o cinto.
Ousem mesmo viver a vossa vida

Tuesday, October 23, 2007

O tempo que me sugere

Esqueci-me da chave hoje.
E logo hoje, que há mil sítios onde queria estar... mas estou aqui.
Já que vou esperar, sentei-me no jardim.
E o tempo, que em todas as horas de hoje ameaçou chuva, escolheu este momento para fazer cair do céu uma água límpida. Mas não está frio. Eu sinto-me quente...
E continuo a ver as gotas cair neste jardim. Perspectiva de baixo para cima.
E reparei hoje, agora, que o lugar das nuvens é inatingível.
Até mesmo destas nuvens cinzentas que vão até ao fim do meu horizonte.
E penso nos meus problemas. Mas hoje esse pensamento não me traz nada! Não me sugere um retrato. Não te traz de volta às minhas veias. Este cenário triste não se entrega a mim. E este cenário não me traz nada.
Se fosse ontem, tinha chorado por ti, mas hoje... Virei esta página

Tuesday, October 16, 2007

Para falar de ti, quase tenho que começar no abstracto, já que és tão difícil de definir.
Mas vou tirar o meu tempo e o tempo que de mim mereces para pensar em maneiras de te dar a conhecer a minha versão de ti.
Fazer até esta segunda tentativa de me superar a mim mesma e eu sei que tu percebes o quanto é difícil escrever sobre alguém próximo ou de quem gostamos especialmente.
E a mim, a quem nunca faltam palavras, falta-me agora a capacidade de juntar as que sei e escrever algumas linhas sobre ti.
Talvez porque sejas tudo o que ninguém é!
Tu és brilhantemente inteligente e usas isso para coisas diferentes da ciência e grandes gramáticas...
De alguma maneira, convidas as pessoas à tua volta a entrarem no teu jogo (o teu dom, sabes?) e a tua maneira simples e directa de ver as coisas é muito distinta, por vezes é tão realista que assusta as pessoas que envolvem muito sentimentalismo na sua noção de real. Tu não!
Tu tens o sabor de uma vida difícil e viste o triplo do resto de nós e mantens-te distanciada de sentimentos mais "moles" e por isso és tão forte (tu és muito forte). Admiro-te muito por isto.
Pensei nisto tudo enquanto comia o gelado de chocolate... Como é que é possível um gelado de chocolate ter tanta história? Mas eu gosto de me lembrar de ti!
( Parece-me que hoje vou conseguir falar de ti sem esquecer muita coisa )
Fazes-me falta, sabes? - A tua presença -.
Aprendi que tens uma maneira diferente de ME mostrar que gostas de mim, uma maneira para lá do físico. Ao principio custou-me um bocado, acho que estava habituada ao contacto e contigo (mais uma vez) foi diferente... Interpreto todos os teus sinais e juízos de valor e aceito-os!
Deixei de exigir de ti aquilo que eu queria que me desses e aprendi a aceitar o que tu me dás.
E claro que, às vezes, me faz falta mas isso deixou de ser relevante.
Porque prefiro ter toda a tua confiança do que abraços que se banalizam entre tantos outros...
Peste!
Tanto porque és terrível como porque contagias!
Na minha opinião, só não chegas mais longe porque não confias em ti.
Mas eu acredito em ti! E levo-te até onde for preciso!
( Tenho a sensação de que este texto é interminável. As ideias e as palavras agora vêm umas a seguir às outras )
Por último, quero que saibas que deposito em ti toda a minha confiança e que preciso de ti!
Preciso de ti como tu precisas da tua arte!
E Hoje, foi o dia em que te apresentei a minha Bruna Guedes...
Tu mudaste-me. Mudaste-me não... cresceste-me!
Obrigada.

Sunday, October 7, 2007

Entre aspas

Se me sentar à tua frente vou perguntar-te se és feliz.
Quem és tu afinal?
Perturba-me sermos tão próximos e eu não te conhecer. Se me perguntarem quem és, eu não saberei responder nada.
E hoje vou tirar um tempo do meu dia, disponibilizar-me.
Vou pegar-te pela mão e puxar-te para um café... para que te disponibilizes.
Hoje, vou convidar-te a tirares a tua armadura e a despires-te de ti.
Quero descobrir quem és, o que pensas, o que pensas de mim, de ti e do que se passou.
Sinto que não te conheço mais. Sinto que nunca te conheci.
Portanto, hoje, vou dizer-te tudo o que te diz respeito mas só consegui falar a outros.
Vou perguntar-te porque as pessoas que amas cuidam de ti como se cuida de uma criança de poucos anos e vou perguntar-te se tens a mínima noção das consequências que os teus actos, que eu chamo erros, tiveram em mim. E talvez, hoje, perceba porque não te consigo perdoar nem ver-te como uma pessoa sofredora ou de quem tenho pena, porque não tenho pena de ti!
Depois do café, vou "reapresentar-me" a ti, e vou deixar que faças o mesmo.
Não vou querer mais que me passes ao lado. Hoje quero que passes por mim.
Por último, deixa-me pedir desculpa se a sinceridade das minhas palavras te magoar.
Um dia, quando abrires um espaço da tua agenda "preenchida" convido-te para um café, até lá, vamos continuar a cruzar-nos nos corredores, eu vou continuar a passar-te ao lado.


À minha mãe

Wednesday, October 3, 2007

Volto a mim

Volto a mim mas antes de voltar, fui!
Fui a qualquer lado, não interessa. Mas tu sabes. Foste tu quem me mostrou o caminho!
Ou talvez não saibas, ainda. O que torna tudo muito mais digno de entrar para estas linhas.
É que, sabes, eu gosto do imprevísivel, do misterioso, do diferente.
Hoje, fui a uma avenida da cidade, à noite, com luzes amarelas no passeio, até perder de vista.
Ontem, estava simplesmente no meu quarto, na hora em que toda a gente dorme, no sossego do escuro. Só conseguia ouvir a serenidade e um calor forte chamar por mim.
Agora, estou só aqui. Já voltei.
Voltei a mim, depois de desviar (quase arrastar) o meu olhar de ti.

Wednesday, September 12, 2007

(O meu lado mais marketing)

Quantas vezes começou a reciclar? E quantas vezes desistiu?
A Natureza não desiste de lhe proporcionar a água que bebe e o ar que respira a cada segundo.
"Na Natureza nada se perde, tudo se transforma"
No ambiente há ciclos de constante renovação de matéria essenciais à vida e, ao deitar um simples papel para o chão, interfere num desses ciclos.
Imagine-se num passeio perto de casa. Esse passeio está cheio de pastilhas elásticas, nunca pensou quanto tempo demorarão a degradar-se?
Só passadas 5 a 6 décadas é que poderia encontrar o mesmo passeio sem as pastilhas.
E pensar que seria tão fácil tê-las deitado no lixo...
Estes pequenos gestos contribuem para a "limpeza" do planeta onde vivemos. Um pequeno gesto como separar as embalagens do vidro, ou o papel do plástico e colocá-los no ecoponto correcto irá permitir aos seus netos conhecer a praia como os seus avós a mostraram
Hoje em dia apenas 20% da população tomou a iniciativa de reciclar e não desistiu.
Fazes parte dessa pequena percentagem que ajuda a salvar o mundo?
Podem não passar de números, e pode sempre pensar que esta realidade não o irá afectar porque o problema real só virá daqui a anos, mas qualquer ajuda é fundamental e há pelo menos quatro maneiras de o fazer.
Reduza. Reutilize. Recicle. Recupere.

Depois disto, não ficou com imensa vontade de reciclar?

Wednesday, September 5, 2007

Sou amante da Música



Música. Uma mulher, uma força, guarida, forma de vida em nós!
Uma mulher de pontas, a interpretar um bailado!
Música de sensações, de talentos, de descobertas e de outros conjuntos de palavras abstractas.
Música. Arte, complexa.
Música. Vontade de ir depois do medo de naufragar.
Música. Força que nos alerta, é a dose mais forte e lenta.
Música. Um mundo!
Música, para lá dos palcos. Para lá do choro da guitarra e da batida dos instrumentos.
Para lá do músico, para lá de notas, pautas e lições.
Música apenas sentida.
Fantasma. Fantasma apenas porque não assume qualquer forma na sua definição, cabe-nos a nós preenchê-la com a silhueta que mais gostarmos de escolher.
Ela ocupa-nos, toma conta de nós e leva-nos mais longe. A lugares melhores!
Um dia destes uma música apoderou-se de mim. Apetecia-me soltá-la a voar no mundo. E ela pegou-me pelos braços e levou-me, mostrou-me o caminho. Abraçou-me e eu consegui penetrar nela, vivê-la. Chegar ao lugar onde ela estava. Imaginar uma sala de cantores trajados, com alguns instrumentos na mão. A sala tinha um tecto alto e gravuras nas quatro paredes, era um salão de música, de baile! Aquelas vozes embalaram-me. Vozes doces, masculinas, com traços fortes e rostos a condizer.
Música. Quimera calorosa, turbilhão feliz.
Entrada e saída. E vice-versa.
Companheira de noites, de dias cansados, de momentos felizes, razão de sorrisos e brindes!
Um brinde!
Parte de nós, parte de cultura, de tradição, de educação, parte de ti e de mim!
Muralhas, reflexos, sinais, garra, marcas, pele.
Encontros. Encontros com a música, encontros com aqueles que amamos, ao encontro de nós próprios!
Por isso a música existe.
Música de Segunda a Sexta.
Sábado e Domingo!

Tuesday, September 4, 2007

A CASA DE MADEIRA - IV

João pousou a carta, limpou a lágrima que escorria pela sua cara mas escapou-lhe outra, mais pesada e triste, ao imaginar a sua vida sem Raquel.
Não! Não, não, não, pensava.
Deve haver uma saída.
Pousou os cotovelos nos joelhos e apoiou a sua cabeça nas mãos.
A vida sem Raquel.
Levantou-se irritado. Como poderia ela fazer-lhe isto? Ela tinha pegado no seu coração com as duas mãos e bruscamente as tinha aberto deixando-o cair, apaixonado, no chão, esmagado por palavras. E ela tinha feito tudo isto brincando!
Avançou até à sala e ia lançar a carta de Raquel na lareira quando viu o retrato dos dois, pousado e numa moldura preta que ela lhe tinha oferecido.
Sentia o calor das chamas a crepitar nas suas pernas.
Baixou o braço e desistiu.
Pela primeira vez, João não ia desistir. Ia correr atrás.
Desorientado, pegou nas chaves do carro e voou até à casa de Raquel, nos subúrbios.
Quando chegou viu luzes e entrou.
Era tarde demais...
Voltou ao seu apartamento, encontrou as suas mobílias, papéis e coisas perfeitamente organizadas todas remexidas, tinha sido assaltado. Tinham levado o perfume de Raquel, as chaves, a roupa, a pasta e escova de Raquel, todas as fotografias e a carta também...
Lá fora, Raquel abria a porta do seu carro, tudo tinha corrido como planeado, tinham-se desencontrado apenas por segundos. Perfeito.
Virou as costas ao apartamento do delegado e nos seus lábios desenhou-se um sorriso, vingativo, cruel e divertido. Entrou no carro, com as mãos no volante, e foi a última vez que passou na rua do apartamento.


FIM
A CASA DE MADEIRA - III

"A vítima apresenta sinais de tentativa de reanimação no peito..."
João Pedro tinha acabado de ler o relatório do resultado da autópsia da vítima no caso de Raquel Macedo.
No dia seguinte, o advogado de Raquel provava com mestria que as impressões digitais de Raquel no corpo de Bernardo e as marcas de reanimação só podiam apontar para um veredicto: Inocente.
E era assim que Raquel saía do tribunal, e o caso era encerrado.

Jantar à luz de velas, comemorar com champagne... o típico "dinner and a movie".
Raquel esteve mais calada do que o normal e João Pedro, adivinhando o cansaço do julgamento, acompanhou-a à porta mais cedo.
João sentia uma enorme saudade de Raquel naquela noite.
Pensar que a sua vida ao lado dela era agora possível deixava-o exausto.
Tanto horizonte à sua frente... Já sentia o sabor dela ao seu lado TODOS OS DIAS.
O tabaco tinha acabado nas comemorações, vestiu o casaco e palpou o bolso à procura de dinheiro... sentiu um papel.
Mais uma factura, pensou.
Retirou o papel dobrado, era uma carta.

"João, tenho que me ver longe de ti. Não deve haver muitos registos de mulheres que dizem não servir para o homem que amam, ou talvez haja... Bem, não interessa. O que interessa é que, contigo, passei os melhores momentos da minha vida.
No inicio pareceu um amor passageiro, um que talvez preenchesse o lugar que uma casa vazia deixa marcado em nós.
Contigo vivi o inicio desse amor, deixei-me levar por ti até ao auge da nossa felicidade e calor e cumplicidade e agora tenho que afastar o monstro Raquel Macedo que fui no passado de ti, meu amor. Não consigo explicar melhor do que isto: Não mereço enganar-te.
Não a parte que vivemos e que sentimos até este momento mas sim a pessoa que revelo ser no passo seguinte. Quero proteger-te.
O que aconteceu no processo foi o fim da minha auto (e lenta) destruição. Tu juntaste os meus pedaços e fizeste-me viver de novo até aqui: o momento em que me devo castigar pelo que fiz ao ficar longe do homem que amo.
Não espero que compreendas, eu sou louca. Mas não o suficiente para te magoar.
Adeus querido, um beijo."

Tuesday, August 28, 2007

A CASA DE MADEIRA - II

Era mais um dia de trabalho quase na hora de terminar para o Detective Salgado.
Não gostava da sua última hora no seu escritório.
Na hora de saída não trabalhava em mais nenhum caso na Delegacia, ficava apenas a rever notas, a planear o seu dia seguinte através de um horário com horas rigorosas e a olhar para a pirâmide triangular comprida e na horizontal que dizia "Det. Salgado Meira" com letras douradas.
Estava mergulhado na preguiça quando foi acordado pelo alarme do relógio, onde marcavam agora 18h30. Levantou-se e vestiu o seu casaco verde-pântano e saiu do escritório.
-João, eu sei que estás a sair mas leva, por favor, uma senhora que foi interrogada agora. Ela está lá na sala de espera.
O detective suspirou e sorriu.
Imaginava uma velhota com um chapéu engraçado adormecida nas cadeiras e nao resistiu.
Entrou na sala de espera onde estavam apenas duas mulheres, surpreendentemente a velhota, mas sem o chapéu, e uma senhora morena com uns deliciosos olhos verdes.
-Boa noite! Qual das duas senhoras precisa de chauffeur?
A velhota não se levantou. Em vez dela foi a senhora morena.
O caminho até ao lugar onde morava a senhora era relativamente rápido não fosse ela enganar-se a indicar umas direcções e perderem-se durante alguns minutos.
-Oh é aqui! Muito Obrigada e desculpe, Sr...
-João Pedro! João Pedro Salgado.
Fechou a porta do carro e subiu umas escadinhas até uma moradia típica de subúrbios.
João Pedro arrancou em direcção ao seu apartamento, cansado mas com borboletas no estômago. Rapidamente as borboletas voaram, não tinha espaço nem para perfume de mulher. Tinha que se concentrar na sua possível promoção a Delegado que seria decidida amanhã.
Por volta das 14h00 o detective tinha acabado de almoçar com os "big bosses" e era agora o Delegado Salgado Meira. Entrou no escritório e viu a senhora morena na recepção.
Ela fazia parte do seu primeiro caso como Delegado. Raquel Macedo.
Em apenas alguns meses o Delegado de fatos verde-pântano e ocúlos mudou o seu aspecto.
Fatos pretos elegantes e gravatas novas e os ocúlos pesados foram substituídos também assim como os seus hábitos rotineiros.
Trocava olhares de desejo e amor com a sua cliente preferida na cafeteria da Delegacia durante o dia e à noite jantares românticos com música ambiente. Às vezes até a puxava para dançarem uns passos curtos, lentos e apaixonados ao som de Blues e normalmente acordavam enrolados debaixo de lençóis ainda quentes da noite anterior.
A sua vida tomava um rumo apaixonante ao lado daquela mulher apenas um pequeno pormenor o distanciava dela. O processo.
Aquele processo que denegria a imagem de mulher perfeita que Raquel se tornava para ele.
Interrogá-la por homicídio era o seu único entrave. Doloroso e complexo pormenor, hum?
João Pedro Salgado considerava que apenas duas coisas venciam o amor. A morte e a lei, as barras de uma cela prisional. E ali estavam elas prontas para vencer o seu amor, e ele... a dirigir a investigação!
Basicamente, Raquel era a principal suspeita da morte de um homem numa casa de lago, um refúgio um pouco afastado da cidade. As provas confirmavam a presença de Raquel no local e à hora do crime. A vítima apresentava um ferimento letal de bala no cerebro e alguns ferimentos no peito, mas o corpo ainda estava a ser observado.
Raquel tinha sido interrogada e negava a acusação. A única prova incriminatória que tinham contra si era a sua presença na casa. A outra suspeita chamava-se Mafalda, amante da vítima que lhe tinha enviado umas mensagens ameaçadoras no dia do crime.
Estavam num impasse que confortava João Pedro. Assim podia amar Raquel sem qualquer tipo de dúvida judicial. Afinal aquela mulher já o tinha feito deixar o papel de homem viciado no trabalho e apresentava-lhe as sete maravilhas do seu mundo, de uma forma que o fazia feliz.
E a única coisa que ele desejava mais era poder fugir ao processo.

Tuesday, August 14, 2007

A CASA DE MADEIRA

Sim, disse ele, porque é que vais fazer isso?
Raquel olhou-o nos olhos sentindo que diante de si tinha a pessoa mais burra do mundo apenas por ignorar a razão de tudo aquilo.
Corroeu-a um desejo de lhe cuspir na cara e nunca mais olhar para aquele homem que outrora quis tanto.
-Não percebes nada mesmo? Este tempo todo foi um desperdício? Não me conheces ainda? - explodiu.
E pensou como era extraordinário que Bernardo não se conseguisse aperceber do seu problema como casal, e parecia-lhe que aquilo só tinha uma explicação: Ele apenas "estava" com ela, não se importou em conhecer o seu ser intrinsecamente, e ela ali disposta a partilhar sentimentos. À espera de ser descoberta.
O seu tempo, a sua relação, os seus projectos, as chamadas, Bernardo e todos os seus encontros pareciam-lhe uma enorme MENTIRA.
Raquel estagnou. A sua face rosada mudou de cor três vezes e por fim encheu-se de raiva da ponta dos seus cabelos castanhos até à ponta do dedo do pé.
Uma raiva muito pacífica, muito contrária aos seus ataques de raiva normais.
Olhou agora Bernardo de uma maneira diferente. Toda a forma de afecto ou amor desapareceu.
Fugiu como as palavras que saíram da sua boca quando ele lhe disse "Mas eu amo-te".
Ela achou-o banal como a flor que ele trouxera para lhe oferecer.
Raquel limitou-se a sair de casa. Bernardo seguiu-a e agora encontravam-se os dois no alpendre da Casa do Lago que tinha paredes de madeira.
Passavam-lhe agora mil e uma ideias pela cabeça que girava a toda a velocidade levando-a para um lugar bem longe do alpendre.
Bernardo continuava a falar, a arranjar desculpas, parecia-lhe.
Foi aí que Raquel pegou no seu revólver e disparou contra o corpo de Bernardo.
Os olhos arregalados e brancos e o corpo gélido.
Silêncio. Não ouvia mais a voz de Bernardo a queixar-se.
Raquel pensou como poderia partir o coração de Bernardo fisicamente já que a besta se tinha encarregado de partir o dela metaforicamente.
Entrou dentro da Casa de Madeira e voltou pouco depois com uma placa de gesso de uma das peças de arte da colecção de Bernardo e colocou-a no peito dele. Simulou uma reanimação que quebrou a placa de gesso e supôs que tinha provocado o mesmo efeito no seu coração.
Despejou o corpo no rio.
Foi sentar-se no seu automóvel e com as mãos no volante deu liberdade aos seus pensamentos.
Estava pronta para começar do zero. Fez a chave rodar e arrancou.
No espelho retrovisor, a Casa de Madeira.

Thursday, August 9, 2007

E se me encontrar num labirinto?
Um qualquer.
Labirinto: espécie de desafio estranho onde apenas há um caminho até à saída.
Rodeada de grandes paredes verdes, é assim que me imagino.
Dou um passo em frente e deparo-me com a primeira escolha que terei de fazer: Dois caminhos com um chão de pedrinhas.
O da direita e o da esquerda.
Penso um pouco. Direita? Reflicto um pouco mais... Esquerda?
Sempre gostei mais da direita. Avanço.
O caminho parece seguro, parece o correcto..
Sou invadida então por uma sensação de alívio relaxante que me agrada. Pareço estar certa da minha decisão.
Caminho, caminho, caminho...
À medida que avanço, à medida que perco o controlo dos meus passos começo a experimentar uma sensação nova. Revolta, incómodo.
Tento parar os meus passos mas é em vão...
Continuo a avançar pelo caminho da direita e palpo as paredes com as mãos, ao ritmo dos meus passos.
A sensação de alívio foi-se e agora começo a pensar no que perderia ou ganharia em voltar para trás. Não sinto a força para desafiar esse caminho e voltar atrás, com a certeza de que a direita deixou de ser o melhor caminho para mim e que por isso, ainda me resta a esquerda!
Não! Não posso continuar a permitir que os meus próprios passos me levem, não posso continuar acomodada, conformada.
Que peso! Peso na minha consciência, peso no meu ser.
As paredes que continuo a palpar parecem devorar-me por inteiro e então páro.
Os meus passos pararam.
Dou meia volta em torno de mim mesma, confusa ainda mas com esperança de que a mudança de rumo me faça mais feliz e me leve por caminhos que me deixem lúcida.
Encontro, por sorte, um atalho rápido para o velho caminho da esquerda.
Aí estava a minha segunda e última, a derradeira, escolha: Recomeçar e usufruir da hipótese de tomar outro rumo.
No horizonte ao meu alcance, o caminho da esquerda!
Sinto-me a levitar, a voar de liberdade...
Agora passeio, para trás deixo pegadas dos meus passos controlados.
A pouco e pouco vejo a silhueta da saída do labirinto das paredes verdes.
Ao atravessá-la penso que encontrei o meu caminho... por fim, tudo acabou.
E era tão simples! Era só virar à esquerda...
As asas do pensamento são as que não nos deixam cair, umas vezes confundem-nos e outras fazem-nos decidir.

Saturday, July 28, 2007

Aeroporto

Visitei países, aprendi culturas, balbuciei dialectos estrangeiros.
Estou exausto!
O regresso a casa é uma chamada para o seguro, para as minhas raízes e de volta para o que mais estimo.
Estou quase!
Faltam-me apenas algumas horas de espera nesta sala de aeroporto, com o coração e todo o meu ser em sobressalto, e a viagem de avião, onde sinto com fervor o momento de aterragem.
Mas agora, preciso esperar.
Com a cabeça baixa, tento ler um livro mas apenas sinto o sabor do regresso e o desejo tão presente de um abraço.
Adoro o local do aeroporto onde se pode ler "Chegadas" numa placa bem grande.
Talvez porque lá possa ver completos estranhos a acalmarem o seu tumulto nos braços de quem chega, e os olhares de saudade de quem ainda nem teve tempo de sentir a presença de quem chega junto de si novamente, que ainda nem acredita que chegaram finalmente.

Pouso o livro, quase involuntariamente,e banhado por uma serenidade deliciosa, embalado por estes pensamentos, adormeço.

Hoje, escrevi sobre isto...

Agarrei em pensamentos, em fragmentos de frases e juntei-os num.

Não deixa de ser extraordinária, a facilidade com que as palavras, por vezes, fluem em mim...
É como um vício!
Começa-se por brincadeira, por puro gozo...
E depois somos devorados pela vontade de escrever.
Por isso nos sentimos tão saturados por dentro, tão quase a rebentar quando não satisfazemos a nossa necessidade de escritores. Aí, turbilhões de ideias por assentar colidem como átomos e explodem no momento em que agarro na esferográfica e assento um qualquer conjunto de palavras aliviantes.
Ah, como conseguir desenferrujar-me e quase desentupir depende tanto das pessoas e do mundo que me rodeia.
Alimento-me de sabedorias de outros, grandes.
E nunca consigo encontrar a fórmula perfeita para agradecer.
Agradecer, talvez só sentindo.
Agradecer? Uma simples palavra (8 letras), um simples obrigado áqueles que me instruem com diálogos e com preciosos momentos.
Áqueles, que não usam capa de super herói, mas que me salvam o dia.
A esses, o mínimo que posso fazer é invadir os seus corações sem pedir licença e propagar o meu contágio, assim como me propagaram o seu.

Assim, aqui está um texto para os dias de bloqueio literário, que nos recorde que há um Mundo lá fora que nos felicita, trazendo-nos todas as pessoas com quem temos o prazer de nos cruzarmos no período da nossa existência.

Friday, June 29, 2007

GRUPO IV


Ele apareceu no meu apartamento, já era noite avançada, mas não me espantava porque se tinha tornado rotina.
Ele era um homem ocupado e por isso só tirávamos um tempo p’ra nós nessa altura.
Mas, a rotina leva-nos a discutir. Eu digo muito e ele pouco.
Há uma coisinha a que chamam destino que se encarrega de nos juntar outra vez. Por muito que me apeteça chamar-lhe nomes não muito bonitos, voltamos.
Recordo agora uma noite em que seguimos a rotina mas de uma forma diferente.
Em Maio, as palavras ficaram pelo avesso e ele acabou por sair porta fora. Eu peguei no guarda-chuva e desci as escadas a correr, quase voei. Cheguei perto dele e ele já tinha a camisa encharcada, mas ficámos os dois debaixo do guarda-chuva, um pouco ridículos, como se aquele guarda-chuva nos protegesse realmente da chuva.
Selámos a noite com um beijo e seguimos para casa, com saudades do amanhã.

Subversão do conto de Vergílio Ferreira, “A estrela”

Sem um único brilho de surpresa e entusiasmo, vivem-se vidas apressadas e rotineiramente exaustas.
As mulheres correm para a porta de casa com o casaco de malha meio vestido e meio por vestir, e correm para a padaria para conseguirem ter o pedaço de pão mais fresco.
Os seus maridos levantam-se a custo de olhos entreabertos. Meio abertos meio por abrir, e ainda se tentam lembrar do que sonharam nessa noite mas a cada dia que passa vão envelhecendo e deixando os seus grandes e brilhantes sonhos esquecidos na noite, à espera que alguém que tenha o tempo os agarre e os abrace na finidade eterna do tempo.
Mas ninguém os abraça, ninguém os agarra, nunca ninguém limpa um espaço na agenda tão preenchidamente vazia para o fazer.
Em tempos acreditei que cada sonho esquecido e abandonado, trocado pelo sofá e televisão ao fim de um dia exausto e de um jantar de família calado, voava em direcção a nada e se reconfortava no pequeno espaço de céu que a escolhesse.
Esta teoria comprova perfeitamente a introdução a este texto e a ideia que ninguém me arranca do peito de que se prefere o fácil, a carreira promissora.
Isso! Cada sonho perdido eleva-se a esse véu negro que nos cobre e ali permanesse. Hoje se olharmos para cima quando o sol já se foi, é humanamente impossível contarmos os sonhos que alguém já esqueceu.
Assim, casa sonho perdido e enganado pelo tempo cresce numa estrela.
O que o Mundo precisa é de mais Pedros que empalmem uma estrela e a tragam de novo para terra, já que parece inútil evitar que a casa dia que passa nasça uma nova estrela.
Pedro, o perseguidor de uma estrela-sonho, foi até ao fim. Subiu até conseguir alcançá-la com o seu braço curto de criança e conseguiu mesmo trazê-la de volta.
Mas alguém reparou que o seu sonho abandonado tinha sido recuperado e exigiu que ele voltasse para o céu negro.
Talvez porque precisa de olhar para a sua estrela de baixo para cima.
Talvez esse fosse o motor da sua vida, ao qual se mantém inerte, apesar de tudo.
Numa primeira apreciação parecer-nos-á que aquela estrela-sonho não tem qualquer utilidade, mas para aquele alguém, não estar lá faz toda a diferença.
Não estar lá é a prova final de que a sua vida se perdeu e fugiu com a sua estrela-sonho, e nessa altura ele está derrotado, vencido, chorado.
Neste cenário, Pedro, a criança foi devolver a estrela onde ela pertencia e não resistiu à descida sem ela.
De repente, foi preciso alguém não resistir e desaparecer da vida daquela aldeia para as pessoas terem capacidade de mover os seus músculos imóveis e olharem finalmente para cima!
Não será triste que nenhum homem tenha conseguido empalmar a estrela? Apenas aquela pequena criança.
Talvez se tenha uma essência sonhadora quando se é criança, mas todos fomos crianças e isso não se torna uma desculpa para sacudirmos dos nossos ombros essa grande responsabilidade.Na noite em que Pedro partiu, a estrela empalmada brilhou mais forte. Uma luz de saudade. Da sua inocência e da altura que, quando tinha 5 anos, conseguiu atingir.

Monday, June 18, 2007

Agora, uma a pedido de muitas famílias... Não, não é Pennywise, Salazar! Mas sim, vamos fazer a vontade a uma professora...e talvez algumas pessoas do 10º se lembrem desta...
Rob Thomas – Little Wonders


Obrigada Elisabete Rodrigues

Thursday, May 31, 2007

Nas bancadas do Campo

Pessoas novas e desconhecidas como as paredes novas erguidas por ninguém e por todos.
Todos mudámos de vida para pertencer a esta, diferente.
Não entrámos com os mesmos valores com que nos deparamos agora. As circunstâncias alteraram-nos.
Antes não apreciei as pessoas à minha volta e agora sinto a sua falta, a falta da sua companhia e a falta das suas vidas complexas e simples.
Agora valorizo o que perdi ou o que já não me é fácil.
A minha passagem é temporária mas deixou em mim marcas que não consigo apagar e que não quero perder.
Há pessoas que me prendem a lugares.
Por elas, crio fortes amarras, crio laços demasiado fortes para que um dia perceba que os criei inquebráveis.
Estou num impasse. A minha vida não me permite arriscar, gritar e quebrar os limites.
Quero ir mas há pessoas que me puxam para ficar.
Tive desilusões mas o que não me mata torna-me mais forte!
É inútil tentar se as peças não encaixam mais, penso eu, mas depressa me apercebo de que encaixo mais do que pensava e isso empurra-me para uma dúvida que me assusta.
Pareço não conseguir decidir o que pesa mais, o que me prende mais...
O ano correu sempre num passo à frente de mim e agora estou presa aos pensamentos e às memórias da minha vida.
Resumo-me em pouco. Isso aterroriza-me e é hilariante.
Aqui, nas bancadas, as pessoas que me prendem agora foram o impulso ou a razão pela qual me levei a escrever tudo isto acima.
O tempo é um paradigma para mim. O tempo é relativo...
O pouco tempo pode ser suficiente quando o fazemos valer a pena.
Chegar e partir, assim, pode não significar nada.
Não conseguimos ter o controlo de tudo nem ter sempre perto de nós quem queremos. O que prevalece é o que conseguimos alcançar quando temos oportunidade e deixar marcas suficientemente fortes levam-nos a perpetuar as nossas relações, sem que nos esqueçam.

Friday, May 25, 2007

Titulo

Agora ando apressadamente pela avenida.
Sei que corro na tua direcção mas não sei onde estás, amor.
Sei que quando chegar a ti ficarei mais calma e segura mas estar ao teu lado é uma incessante procura de respostas.
Às quais não procuro resposta.
Prefiro assim. Deixar o mistério do nosso interior ir e vir com a maré.
Chego a ti e deixo-me levar, com a absoluta certeza de que me levas onde é mais secreto ir.
Entrego-me e fico.
Olhas-me nos olhos. Absorvo o que em ti há de mais profundo e torno meus os teus sentidos.
Sugo o teu calor e construo o meu império.
Puxas-me sem me tocar e pareço ceder-te um pedaço da minha força sem que consiga oferecer alguma resistência.
Limpo os sapatos gastos no tapete, abro a porta.
Estou em casa!
Chego um pouco mais perto.
Por favor, não me magoes desta vez

Tuesday, May 8, 2007

Um pouco de ficção

Dias extremamente cansativos na empresa imploravam por um banho de “gaja”, cheio de aromas relaxantes, sais de banho, duas pétalas de rosa sobre a toalha de banho. Daqueles banhos que duram longas horas e têm direito a velas perfumadas e de cores vivas.

Abriu a porta do seu apartamento, pousou as chaves e à medida que passava os corredores ia descalçando uma bota, depois a outra. Lentamente tirando as meias e depois as calças e o fato de executiva que a mascarava durante o dia.

Ligou a música ambiente e correu alegremente para ir por a água a correr.

Lembrou-se depois que não tinha qualquer motivo para comemorar e desfez tudo. Optou por um duche refrescante e usual.

(...)

Puxou então, a cortina da banheira para a sua direita, levantou a cabeça e viu uma silhueta que cada vez se tornava menos translúcida.

Era incrivelmente parecida com ela e numa observação mais cautelosa reparou que era mesmo um reflexo seu, com uma diferença.

Via na reflexão tudo o que um dia quis alcançar. À primeira vista um corpo que tinha passado horas no ginásio, bem definido por curvas femininas e depois um livro sobre o braço.

Bárbara sacudiu a toalha e só viu o livro caído no chão.

Abriu-o a medo. Não tinha nada.

Apenas ficção.

Meros Corpos

Ali estamos. Ela diante de mim. E eu perante ela.
Em tempos fomos cúmplices da mesma alma mas agora apercebo-me que não conheço esta pessoa que me encara com um olhar sobrevoante.
Julgo que algumas mudanças nas nossas vidas marcaram fases que a seu tempo nos tomaram e nos dissolveram em pessoas novas, diferentes.
Para mim ela é agora um mero corpo.
Antes da última mudança que nos lançou um desafio éramos o que cada uma de nós precisava e completávamo-nos. Agora queremos coisas diferentes e seguimos caminhos separados, lado a lado com pessoas que encontrámos e que nos preenchem o vazio que deixámos.
De certa forma todos encontramos “substitutos”, ou talvez sejam eles que nos encontram para nos acompanhar no novo caminho que escolhemos, o que faz com que nada, nada dure um sempre. Um “vou amar-te sempre” é irritantemente falso, mas penso que só a experiência nos traz isso, porque se tentarmos dizer a alguém que está cegamente apaixonado que a sua ideia de amor infinito é limitada e que se as pessoas mudam então não podemos amá-las eternamente sem nenhum deslize.
“Vou amar-te sempre” é remar contra a maré.
Os jovens entregam-se de todo a parceiros que não conhecem intimamente, vivem paixões fugazes e momentâneas de cinco minutos e partem para outra, como se fosse um jogo de toca e foge.
Dizem que tanto hão-de procurar que um dia encontrarão um amor maior que tenha como prazo de validade uma vida, mas é impossível chegar a sentir o sabor a amor perdido se duram o segundo de pestanejar.
Dêem-se às prestações, preservem-se a vós mesmos, tenham a certeza de que só se entregam a alguém que vos conheça por inteiro, mas não percam a vossa intimidade.
Se a perderem serão meros corpos.

Tuesday, May 1, 2007

Para a Sílvia

- Numa certa idade entramos no Mundo num passo de gigante, nesse passo há um caminho que escolhemos. Há factores no seio da nossa educação que nos influenciam e são a razão de sermos assim e não de outra forma. Por isso, pequena Sílvia, entraste no Mundo da Música e é esse mundo que considero o teu factor.
Cresceste e agora fazes parte do maravilhoso mundo das pautas, notas, ritmos e compassos de que poucas pessoas se podem gabar. As chaves desse mundo são a dedicação e a paixão, essas duas senhoras governadoras do mundo.
Ainda pequena entraste nesse mundo de fantasia e vento. Entraste com as tuas duas chaves que te davam o dobro do tamanho que tinhas, e te permitem chegar onde queres, sem o saberes.
Sem saberes tens força para alcançar o que desejas, mas algures no caminho perdeste uma das chaves…
Invejo esse teu conhecimento do mundo da música que todos os dias trazes na palma da tua mão e nos dás a provar uma ponta que nos deixa fascinados. Certamente que, por esse ser o teu factor, admiras génios desse mundo e sorris quando ouves/tocas Mozart.
Este é o teu tesouro.
És sensível e emotiva mas talvez esse seja o teu escape, a tua manhã que recomeça e refresca o teu dia. Afinal não há outro propósito para chorar senão o incrível alívio que sentimos depois. O que há depois de chorar? O que é senão o último suspiro que damos antes de decidir mudar o rumo da nossa vida?
Ah, e a tua vida só é curta se não lhe deres importância e não fizeres dela o que realmente queres, embalada pelo instinto do momento presente que vives. Dizer que a vida é curta é menosprezá-la. É compará-la a uma relação de tempo infinita que transcende o homem, e para quê? Só te traz motivos para abrires e correres para o teu escape e virares a página para a tua manhã que recomeça e refresca o teu dia.
Não te feches e traz amigos e companheiros contigo no teu percurso, eles deixarão as suas pegadas lado a lado com as tuas.
Pega nas tuas chaves, no teu Mundo e na tua força e faz-te à estrada longa da tua jovem vida. É esse o objectivo que cada pessoa tem quando vem à terra!
Não sejas uma mera observadora da tua vida, faz parte dela e não deixes que remem contra o teu caminho, vai por atalhos. Ou, se isso te fizer mais feliz, escolhe um caminho novo, um objectivo novo, um destino novo!
Ri. Chora. Sente. Vê. Abraça. Reage. Cumpre. Corre. Ouve. Toca. Suspira. Muda. Prepara-te. Sorri. Canta. Salta. Ama. VIVE, pequena Sílvia.

Monday, April 30, 2007

Historia

Infelizmente eles não encontraram a felicidade.
Um equilíbrio entre o ser dela e o ser dele.
Tão forte e protector, ele abraçou-a em muitas noites que não tinham fim. Uma lágrima caía-lhe enquanto tentava murmurar-lhe o passado mas ele compreendia-a melhor quando ela não o fazia. As suas palavras eram demasiado confusas e contraditórias e por vezes magoavam-no. Um aperto no peito, forte. Muito forte e penoso que, como essas noites, parecia não querer abandoná-lo.
Ela. Ela saía com um aroma perfumado. Único. Saía e quem a via a sentir o cheiro das rosas e túlipas dos jardins da cidade agitada percebia que nesse dia o aperto do seu coração cedia um pouco pela presença dele. Cedia ao olhá-lo devagar e ao devorar as palavras mudas que parecia dizer quando a tocava.
Completavam-se solenemente. Na sua cumplicidade, as noites que chegavam em que ele estava dentro dela eram vias para os dois, juntos, decifrarem novos papiros da pessoa que eram. Códigos humanos.
Era muito mais que uma paixão fugaz, decidiu ela abrindo de repente os olhos, com a sensação de acordar de um sonho doce, embalada nos pensamentos dele. Ali deitada sentia agora uma sensação confortável que lhe dizia que tinha gostado da forma simples como tudo tinha chegado a um fim. Embora ela tivesse chorado noites a fio, apertando a almofada dele contra si. Ainda tinha o seu cheiro. O cheiro que a engolia com saudade.
Mas ele partiu.
Decidiram que o que eram, aquilo em que se tinham tornado, não era aquilo que queriam e ele partiu.
Amo-te, disse-lhe baixinho e virou costas, pegou na mala ao seu lado, levantou-a e virou o rosto na direcção dela para lhe sorrir uma última vez.
Uma brisa suave que entrava pela janela do seu quarto distraiu-a do seu pensamento mas ela voltou forçosamente a ele olhando agora o retrato de um casal em cima da sua mobília moderna e de madeira em branco.
Aquela camisa branca de algodão assentava-lhe de uma forma perfeita, salientando as suas costas e os seus ombros largos. Ela vestia uma blusa verde que lhe dava um ar refrescante e maravilhoso. Depois da sua partida ele pensara muito nela e em como a poderia ter magoado mas ele era muito racional e tinha pensado bastante na sua decisão, antes de sair pela porta. Ele não quis arrastar aquele amor e preferiu preservar os bons momentos. Saiu para evitar maus momentos, mas hoje apercebia-se que o pior dos momentos foi ter alguma vez desistido dela, e agora era pisado pela dor de estar longe daquela mulher que amava. Esmagado todos aqueles longos dias, guardando a dor para si.
Nunca dissera uma palavra sobre a doce Inês para ninguém. Mantinha a ideia de que ninguém merecia ouvir a sua história. Ela ainda se lembrava dele, quando passava o jardim da cidade agitada. E, como ele queria, a imagem mais forte que tinha deixado na nítida memória dela era a do seu adeus, da sua despedida, a derradeira imagem do seu último sorriso. Ele sabia-o porque fitava o quadro que ela pintara do seu rosto, um quadro entre muitos na sala de uma exposição de Inês.
Depois de o olhar intensamente aproximou-se mais e viu o seu nome no título do quadro.
Sorriu.
Ela tinha-o chamado tão pura e simplesmente de “Pedro”.
Pedro, pensou ele, Pedro.
E mergulhou na viagem do seu passado e nas memórias do seu grande amor.
O seu primeiro e maior amor.

Massajador Facial

“Beckham oferece um massajador facial feito de ouro e diamantes à sua mulher, Victoria Beckham”
Estamos rodeados de um mundo cor-de-rosa, onde todos os olhares e focos de informação se centram no restaurante onde Paris Hilton foi jantar ontem.
Porque será que estes pormenores da vida pessoal de profissionais cuja carreira as expõe aos medium nos interessam tanto?
Desde sempre houve coscuvilhices, rumores e boatos mas parece-me um problema de atribuição de relevância quando há revistas só com as ditas notícias sobre celebridades.
Entre os 10 e os 15 anos é normal uma rapariga passar pela fase de ler a Bravo e a SuperPop, mas numa idade mais madura não passa de uma infantilidade. Diria que comentar o que se passou com a nossa amiga que está a passar por um processo de divórcio é menos fútil do que passar uma semana a falar dos casamentos falhados das figuras públicas durante o coffe-break.
O facto é que a informação que nos passa é quase sempre um exagero da realidade muito usado pela media e publicidade, para que os leitores possam comprar pequenos escândalos.
Mas será a coscuvilhice internacional uma forma de relaxamento que distrai as pessoas da sua depressão própria?
Quanto a mim é triste que isso se torne uma maneira de “desanuviar”. Porque é que não praticamos um desporto ou um hobbie mais refrescante?
Pensando bem, isso levaria a que me levantasse do sofá… é melhor não.

O segredo da Rita

Rita, deixa-me contar-te um segredo.
Há coisas que não se perdem. Há coisas de que nos lembramos sempre e há coisas que nos fazem falta. Sabes também que um é um numero muito pequeno e três já é demais, por isso existe o dois. Claro que sabes que as coisas mais simples são as que têm a capacidade de surpreender e fascinar as pessoas. Por sua vez as pessoas são cativadas por outras. Prendem-se. Há a parte de querer proteger alguém com todas as nossas forças também. Há coisas que se dizem depois de se estar sem falar que dão arrepios, há gestos e toques que falam por si só. Fica o nosso segredo, guarda-o.

Baile de Finalistas


"They say there's no one older than a High School Senior but no one younger than a College Freshman. We will find out because now we begin our journey"

O NOSSO Baile de Finalistas! foi dos momentos mais marcantes da minha vida, a sério. Senti imensas coisas nesse dia. Senti orgulho, senti-me realizada, senti que todas aquelas pessoas eram importantes para mim e que só tinha percebido isso no último ano no colégio, senti que aquele dia era uma despedida breve, senti que tinhamos caminhado todos juntos e que agora cada um de nós ia seguir diferentes direcções e isso fez-me sentir uma saudade enorme. Depois de todos os anos no colégio nao podia pedir melhores amigos. Devo-vos muito do que sou hoje e senti isso no baile pela primeira vez. Nessa noite voavamos e tinhamos todos prai uns 6 metros!
Obrigada por tudo.
É isto que vou sentir sempre que vir as fotografias...

One Night. One Forever

-Look at me. Feel the wind, feel the sand and feel this ocean beside us
-I can only feel the cold embracing me.
-Do you trust me?
-With all my strength.
-So, close your eyes. Can you feel it now?
-No, I cant.
Then she felt his hand holding her hand and suddenly she understood everything. He loved her, no matter who she was, no matter where they were and no matter if she might hurt him.
Now she knows. He loves her.
-What did you feel?
-Although the night is cold Ive never felt so warm, although the sand and the ocean control me Ive never felt safer as I feel here with you.
To him these were more than words.
He smiled.
-I want to ask you something- she said- Would you write about our story?
-I cant. It would be too painful when you leave to remember those moments.
-I promise to stay and never to leave if you promise to teach me how to love you everyday.
-I promise. I will write our story as if it was a poem. It will have our rhythm, our colours and our passion. I promise you.
She smiled.
He came closer and put his arm around her, he pushed her chin up. She put her hand in his neck across his light-brown hair.
Then, they slowly kissed, a long, passionate and incredible kiss.
They both felt like it was their first kiss. He hadnt seen her for a year, and she was now committed. For a minute she forgot the whole world and she wished that moment could last forever.
And then he knew. She had to stay, he had to protect her.
Then he knew. She loves him