Monday, October 29, 2007

"Back-seat"

Já passou algum tempo desde que tive de optar por um curso no secundário mas o assunto é permanentemente presente.
A minha irmã tem de fazer a mesma escolha este ano, amigas mais próximas mudam de curso e ainda mais próximas nem estão no curso onde realmente gostariam de estar por impedimento dos paizinhos que insistem em conduzir os meninos pelos caminhos mais frutivos do ponto de vista lucrativo.
Não importa se os filhos passam a vida a comprar telas para desenhar porque serão grandes biólogos daqui a 10 anos.
Os filhos pouco ou nada podem fazer contra isso, normalmente a autoridade é imposta sem um centímetro para discussão, e assim são levados desde cedo pelas "pegadas" do papá e da mamã, o que não seria mau de todo se fosse o que realmente quisessem, mas nesse ponto já nem têm noção do que é o "eu quero para o meu futuro", vivem alienados.
Este é apenas um dos exemplos que mostram prontamente que há pouca gente que tem a sorte de conduzir a sua vida e meter-se pelos atalhos que achar melhor, e se por acaso se enganar, assumir as consequências e os riscos.
Hoje, e em quase todas as situações, os jovens sentam-se confortavelmente no banco de trás e deixam o lugar de condutor para outra pessoa. Dá tanto trabalho "conduzir", é cansativo!
Isto torna-nos tão influenciáveis, tão acomodados, alienados, não arriscamos nem tentamos sequer, e somos infelizes sem o saber.
Isto remexe todo o meu eu aqui dentro.
Eu aconselho muito mais vezes o "faz" do que o "Oh não, não vale a pena".
Portanto, meus colegas de faixa etária, passem para o banco da frente e metam o cinto.
Ousem mesmo viver a vossa vida

Tuesday, October 23, 2007

O tempo que me sugere

Esqueci-me da chave hoje.
E logo hoje, que há mil sítios onde queria estar... mas estou aqui.
Já que vou esperar, sentei-me no jardim.
E o tempo, que em todas as horas de hoje ameaçou chuva, escolheu este momento para fazer cair do céu uma água límpida. Mas não está frio. Eu sinto-me quente...
E continuo a ver as gotas cair neste jardim. Perspectiva de baixo para cima.
E reparei hoje, agora, que o lugar das nuvens é inatingível.
Até mesmo destas nuvens cinzentas que vão até ao fim do meu horizonte.
E penso nos meus problemas. Mas hoje esse pensamento não me traz nada! Não me sugere um retrato. Não te traz de volta às minhas veias. Este cenário triste não se entrega a mim. E este cenário não me traz nada.
Se fosse ontem, tinha chorado por ti, mas hoje... Virei esta página

Tuesday, October 16, 2007

Para falar de ti, quase tenho que começar no abstracto, já que és tão difícil de definir.
Mas vou tirar o meu tempo e o tempo que de mim mereces para pensar em maneiras de te dar a conhecer a minha versão de ti.
Fazer até esta segunda tentativa de me superar a mim mesma e eu sei que tu percebes o quanto é difícil escrever sobre alguém próximo ou de quem gostamos especialmente.
E a mim, a quem nunca faltam palavras, falta-me agora a capacidade de juntar as que sei e escrever algumas linhas sobre ti.
Talvez porque sejas tudo o que ninguém é!
Tu és brilhantemente inteligente e usas isso para coisas diferentes da ciência e grandes gramáticas...
De alguma maneira, convidas as pessoas à tua volta a entrarem no teu jogo (o teu dom, sabes?) e a tua maneira simples e directa de ver as coisas é muito distinta, por vezes é tão realista que assusta as pessoas que envolvem muito sentimentalismo na sua noção de real. Tu não!
Tu tens o sabor de uma vida difícil e viste o triplo do resto de nós e mantens-te distanciada de sentimentos mais "moles" e por isso és tão forte (tu és muito forte). Admiro-te muito por isto.
Pensei nisto tudo enquanto comia o gelado de chocolate... Como é que é possível um gelado de chocolate ter tanta história? Mas eu gosto de me lembrar de ti!
( Parece-me que hoje vou conseguir falar de ti sem esquecer muita coisa )
Fazes-me falta, sabes? - A tua presença -.
Aprendi que tens uma maneira diferente de ME mostrar que gostas de mim, uma maneira para lá do físico. Ao principio custou-me um bocado, acho que estava habituada ao contacto e contigo (mais uma vez) foi diferente... Interpreto todos os teus sinais e juízos de valor e aceito-os!
Deixei de exigir de ti aquilo que eu queria que me desses e aprendi a aceitar o que tu me dás.
E claro que, às vezes, me faz falta mas isso deixou de ser relevante.
Porque prefiro ter toda a tua confiança do que abraços que se banalizam entre tantos outros...
Peste!
Tanto porque és terrível como porque contagias!
Na minha opinião, só não chegas mais longe porque não confias em ti.
Mas eu acredito em ti! E levo-te até onde for preciso!
( Tenho a sensação de que este texto é interminável. As ideias e as palavras agora vêm umas a seguir às outras )
Por último, quero que saibas que deposito em ti toda a minha confiança e que preciso de ti!
Preciso de ti como tu precisas da tua arte!
E Hoje, foi o dia em que te apresentei a minha Bruna Guedes...
Tu mudaste-me. Mudaste-me não... cresceste-me!
Obrigada.

Sunday, October 7, 2007

Entre aspas

Se me sentar à tua frente vou perguntar-te se és feliz.
Quem és tu afinal?
Perturba-me sermos tão próximos e eu não te conhecer. Se me perguntarem quem és, eu não saberei responder nada.
E hoje vou tirar um tempo do meu dia, disponibilizar-me.
Vou pegar-te pela mão e puxar-te para um café... para que te disponibilizes.
Hoje, vou convidar-te a tirares a tua armadura e a despires-te de ti.
Quero descobrir quem és, o que pensas, o que pensas de mim, de ti e do que se passou.
Sinto que não te conheço mais. Sinto que nunca te conheci.
Portanto, hoje, vou dizer-te tudo o que te diz respeito mas só consegui falar a outros.
Vou perguntar-te porque as pessoas que amas cuidam de ti como se cuida de uma criança de poucos anos e vou perguntar-te se tens a mínima noção das consequências que os teus actos, que eu chamo erros, tiveram em mim. E talvez, hoje, perceba porque não te consigo perdoar nem ver-te como uma pessoa sofredora ou de quem tenho pena, porque não tenho pena de ti!
Depois do café, vou "reapresentar-me" a ti, e vou deixar que faças o mesmo.
Não vou querer mais que me passes ao lado. Hoje quero que passes por mim.
Por último, deixa-me pedir desculpa se a sinceridade das minhas palavras te magoar.
Um dia, quando abrires um espaço da tua agenda "preenchida" convido-te para um café, até lá, vamos continuar a cruzar-nos nos corredores, eu vou continuar a passar-te ao lado.


À minha mãe

Wednesday, October 3, 2007

Volto a mim

Volto a mim mas antes de voltar, fui!
Fui a qualquer lado, não interessa. Mas tu sabes. Foste tu quem me mostrou o caminho!
Ou talvez não saibas, ainda. O que torna tudo muito mais digno de entrar para estas linhas.
É que, sabes, eu gosto do imprevísivel, do misterioso, do diferente.
Hoje, fui a uma avenida da cidade, à noite, com luzes amarelas no passeio, até perder de vista.
Ontem, estava simplesmente no meu quarto, na hora em que toda a gente dorme, no sossego do escuro. Só conseguia ouvir a serenidade e um calor forte chamar por mim.
Agora, estou só aqui. Já voltei.
Voltei a mim, depois de desviar (quase arrastar) o meu olhar de ti.