Saturday, June 28, 2008

Love Happens

Ao virar da esquina, vamos contra ele e deixamos cair os nossos livros. Baixamo-nos para os apanhar e é nesse momento que as mãos se tocam, e acontece.
A correr para apanhar o comboio, que está a sair da plataforma, quando um sorriso segura a porta, e acontece.
Nos jantares, rodeados de gente que conversa alto, quando as conversas ficam para barulho de fundo e em grande plano fica o erguer do copo de cristal, ele acontece.
Às 7h da manhã, o café acabou e descemos a avenida, quando o vemos sentado ao balcão, a soprar o cappucino, e acontece.
À espera que apareça um táxi, à chuva, quando ele aparece com um guarda-chuva para nos privar daquela sensação de que o dia não pode piorar, acontece.
Mesmo ao nosso lado - mesmo sentado ao nosso lado - e de repente percebemos que sempre esteve lá, acontece.
No metro, a ouvir musica de phones, como se o que vissemos fosse o pano da melodia, acontece.
Quando andamos por aquela rua, que pisámos centenas de vezes, quando os nossos glamorosos saltos tropeçam na calçada e ele nos agarra nos braços, não nos deixando cair, acontece.
No rebelião do reduzido espaço do corredor no escritório, num beijo de filme, cheio, acontece.
Eventualmente, apanha-nos desprevenidos, deixa-nos num segundo sem qualquer explicação, atrapalhados com a velocidade do ilógico que ultrapassa a da luz no vazio, deixa os mais loucos cientistas a investigar o valor da sua constante, a questionar sem perceber, ele acontece e não pára com o tempo nem com o avançar dos séculos.
No escuro
No silêncio
Acontece
A todos, a qualquer hora, em qualquer lugar.