Thursday, May 30, 2013

Landslide

I took my love and I took it down
I climbed a mountain and I turned around

And I saw my reflection in the snow covered hills
'Till the landslide brought me down

 

Oh, mirror in the sky
What is love?
Can the child within my heart rise above?
Can I sail thru the changing ocean tides?
Can I handle the seasons of my life?

Mmm Mmm...

 

Well, I've been afraid of changing
'Cause I've built my life around you
But time makes you bolder
Children get older
I'm getting older too

Well, I've been afraid of changing
'Cause I, I built my life around you

But time makes you bolder
Children get older
I'm getting older too
I'm getting older too

 

So, take my love, take it down
Oh climb a mountain and turn around
If you see my reflection in the snow covered hills
Well the landslide will bring you down, down

And If you see my reflection in the snow covered hills
Well maybe the landslide will bring it down
Oh oh, the landslide will bring it down


http://www.youtube.com/watch?v=i0ans1ukv4M

C


Lembro-me de sentir uma grande vontade de saber toda a sua história.
Tinham já passado alguns meses desde que tínhamos sido (in)formalmente apresentadas e, confesso, especulei sobre o seu charme e inteligência.
E de repente, ali, sem saber explicar porquê, queria sentar-me com uma chávena quente de um chá aromático nas mãos e ouvir toda a sua história.
A sensação de que à minha frente estaria o resultado de anos de uma vida plena e cheia invadiu-me. Certamente conseguia ouvir algumas cicatrizes na sua voz, só quem já foi calcado pela vida poderia ser obrigado a crescer assim tão depressa.
Talvez tenham sido os maneirismos tão peculiarmente adultos ou a maneira como ocupava o seu lugar.
Eramos um grupo de jovens de sangue a fervilhar, prontos a balbuciar o maior disparate e a delinear o plano mais louco, mas ela não. Penso que talvez seja então o contraste entre toda a gente naquele grupo e a sua postura que indicassem uma alma amadurecida.
O cenário que imagino neste preciso momento é de uma tarde de sábado preguiçosa. Estávamos juntos na sala a conversar e a rir, tranquilos mas com uma energia pronta a explodir a qualquer momento.
- Devíamos acender a lareira. Disse ela.

Pareceu a coisa mais adulta que alguém poderia ter sugerido naquela altura. Por sua vez, aquela frase sugeria uma pessoa independente. Senti que tinha sido transportada 10 anos para o futuro e que aquela seria a sua casa e nós os seus convidados para o jantar.

Foi este o momento chave que prendeu a minha curiosidade. Como pode uma coisa tão banal como lenha e fogo cativar-me e despertar em mim o inteiro interesse?
Depois disso, foi tudo tão rápido que deixa um grande espaço cheio de saudade.
É fantástico conhecer alguém de quem aprendemos a gostar tanto. Tudo é novidade, tudo tem uma nova perspectiva e, absolutamente tudo, são detalhes deliciosos de absorver.
Afinal, não me contou toda a sua história. Fui antes eu quem a descobriu.
Por a ter decifrado e conhecido em degraus tão perfeitamente construídos é que talvez consiga explicá-la e entende-la tão bem.
Por outro lado, sempre haverá detalhes que me surpreendem por completo. Um comentário, uma opinião, um sentimento tímido e mascarado ou só um gesto imprevisível.
O mais belo é mútuo. E assim somos nós. Mesmo longe, mesmo sem me olhar, não há outra pessoa que me conheça tão claramente, para quem seja tão transparente.
Espero que saibas, assim como eu o sei, que quando te pergunto ou confesso algo, tens a dose certa de ousadia, tranquilidade e verdade para responder.

Para ti, para acabar este texto, teria que escrever todo um livro. E nem assim faria justiça a tudo o que houve, há e ainda está para vir.
Quando penso em ti, penso em felicidade. Penso em alguém com carácter, com cultura, penso em amor, penso em verão, penso em singularidade.
Os meus melhores momentos foram contigo e nos meus piores estavas lá para me amparar quando e quanto precisei.
Relembrar a rotina dos nossos dias é só por si uma saudade enorme e espero poder matá-la em breve.

A outra face



Cada passo que tomava em direcção ao portão de embarque era um passo que a afastava de tudo o que tinha como certo. Afastava-a dos que estiveram sempre presentes desde que se tinha como gente. Afastava-a de tudo o que era território conhecido. De tudo o que conhecia e de tudo o que lhe pertencia.
Agora já só tinha a sua mochila às costas, que apenas tinha livros e documentos pessoais mas parecia pesar uma vida inteira.
Com o aumento da distância sentia o aumento de um vazio que não conseguia muito bem explicar e, no entanto, lhe parecia familiar por alguma razão.
Ainda sentia o abraço apertado do seu pai e a sua imagem estava gravada na sua mente. Como se sentira sozinha quando olhou para trás e naquele homem viu todos os pilares da sua existência.

Esta é a história da sua Viagem. Sim, com maiúscula…

Só damos o devido valor ao que temos quando já não nos pertence. Se há cliché que de facto é verdade é este.
Só se aprende a dar valor ao calor de chegar a casa para uma família quando já só as paredes e a mobília nos recebem, só se dá valor a jantar com amigos quando jantamos em frente ao computador e só se dá valor aos costumes quando já não temos ninguém com quem os partilhar.
‘Costumes’. Esta é uma das condições a que o ser humano terá de se render: ficar acostumado, acomodado, habituado a alguém ou a algures.
Por vezes esta comodidade é estonteante e caímos num estado de anestesia sem sequer notarmos. Como se a nossa vida corresse em modo de auto piloto, todos os dias e gestos iguais.
O primeiro instinto é querer fugir, querer mudar… E nem sempre é prático remover o chão que pisamos mas se a vontade de descobrir o que esse mundo esconde é maior que o corpo, então não há nenhum limite.
E era isso que procurava, que precisava mais do que sabia dizer.
“Quando se sonha em voar só há duas coisas a fazer”, pensou… “Ganhar asas e resistir ao rastejar”.
E assim foi, de espírito livre e mente aberta, à procura do que lhe faltava, do que se encontrava do lado oposto do muro alto do jardim, do que não possuía naquele lugar exausto.

Para lá daquelas portas de aeroporto tudo era novo. À sua volta não havia feições que conhecia mas sim uma extraordinária harmonia de etnias.
Deixou-se consumir pelo ruído urbano, pelo som dos passos, pelos risos, pelos diferentes dialectos e perfumes. Conheceu uma cidade inquietante e jovem, vivendo através de uma perspectiva que nunca ousara até então.
Naquele momento, não foi difícil perceber porque deixara tudo o que lhe era querido. Aquela liberdade absoluta permitiu-lhe espaço para crescer, abriu-lhe caminhos que julgava inexistentes, construiu novas amizades e, acima de tudo, ofereceu-lhe oportunidades que só um país novo consegue proporcionar.
Em pouco tempo passou a fazer parte integrante daquele ruído, daqueles risos e daquele ambiente.
Sentia-se no seu habitat natural, rodeada de pessoas com raízes completamente diferentes, a criar e conhecer novos costumes. Finalmente, jantares em lugares desconhecidos a experimentar novos sabores à média luz.

Já diz o povo que nunca estamos satisfeitos e não seria certamente a excepção.
Como saberia se aquele novo lugar era o que ansiava encontrar se sentia um vazio. Continuava a faltar alguma coisa, algum lugar, alguém.
Foi então que reparou. Estava constantemente a dizer Adeus.
Adeus família e amigos de sempre, vou partir em busca dos meus sonhos.
Adeus amigos, vou finalmente voltar a ver a minha família e amigos de sempre! Fiquem bem, uma santa Páscoa e lembrem-se de usar os ovos que deixei no frigorífico antes que estraguem, por favor.
Teve então um medo de que o realizar dos seus sonhos e tudo o resto que amava, nunca se iriam encontrar num só lugar. Teria que viver toda uma vida incompleta. Sempre com uma parte de si em falta.
Que verdade mais destroçante.