
Ele apareceu no meu apartamento, já era noite avançada, mas não me espantava porque se tinha tornado rotina.
Ele era um homem ocupado e por isso só tirávamos um tempo p’ra nós nessa altura.
Mas, a rotina leva-nos a discutir. Eu digo muito e ele pouco.
Há uma coisinha a que chamam destino que se encarrega de nos juntar outra vez. Por muito que me apeteça chamar-lhe nomes não muito bonitos, voltamos.
Recordo agora uma noite em que seguimos a rotina mas de uma forma diferente.
Em Maio, as palavras ficaram pelo avesso e ele acabou por sair porta fora. Eu peguei no guarda-chuva e desci as escadas a correr, quase voei. Cheguei perto dele e ele já tinha a camisa encharcada, mas ficámos os dois debaixo do guarda-chuva, um pouco ridículos, como se aquele guarda-chuva nos protegesse realmente da chuva.
Selámos a noite com um beijo e seguimos para casa, com saudades do amanhã.