Saturday, January 5, 2008

Ano Novo

As suas sobrancelhas carregadas, mas que nunca proibiram os seus olhos verdes de brilhar, conduziam agora o olhar para o copo de champanhe.
Como se o que lhe tivesse sido dito lhe tivesse amarrado um forte nó na garganta e trancado os seus ideais - e todos os mundos que vieram com eles - e deitado a chave naquele copo. E a chave estava ali a borbulhar.
Era pesado saber que a tinha desiludido.
Ela porém, estava desapontada consigo própria também. Como é que esperava sempre mais?
Sempre mais uma palavra, se sabia que entre eles nada era tão tradicional assim.
E desapontada ao perceber que, no fundo, ainda lhe exigia palavras e provas, só para a lembrarem que realmente ela tinha um lugar.
Mas não pôde sempre arrancá-las.
Cedeu e rendeu-se àquela forma tão "prática" de ser amada, e não precisava mais de ser lembrada.
Até precisar. Até precisar de mais que actos. Até precisar de explicações. Até precisar de palavras.
Então, roubou o copo de champanhe e bebeu ao seu desejo de se cegar mais uma vez por ser preciso e engoliu a "chave".
A new year's resolution

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