Sunday, March 16, 2008

Perfeição, bolsos e p*tas

Comprei uns jeans novos.
Daqueles que nos servem como se tivessem sido feitos à medida para nós.
O homem que teceu aquelas linhas, que imaginou aquelas curvas e que coseu aqueles pontos estava a pensar em mim quando o fez.
E por isso ele entregou toda a sua saúde, disposição, cabeça, corpo e mente. Todos os poros da sua pele naqueles jeans.
Mas não são perfeitos, mas só porque o perfeito não existe.
Se existisse seriam aqueles jeans.
Se existisse seria um homem.
Se existisse seria uma mulher, e uma mulher grávida, trazendo vida dentro de si, literalmente.
Mas não há.
Há algo aproximado a isso, pode dizer-se que uma relação perfeita é quando se amam as qualidades e se suportam os defeitos. Estão a ver onde quero chegar?
Perfeição é a ausência de defeitos.
E isso não é do domínio terrestre e humano. É apenas reservado ao divino.
É como televisão por cabo, só quem paga caro pode ver.
Eu voltei a sentir aquele tecido assente na minha pele, e pus a mão no bolso. Quando olhei para o que tinha tirado de lá, para o que estava na minha mão, posso-vos dizer que era tempo. Era tempo, sangue e oxigénio.
P*ta que pariu falta-me o tempo, o sangue e o oxigénio e era lá que eles estavam, no meu bolso!
P*tas, p*tas, p*tas, pelo menos essas!
São o tóxico de uma sociedade, olhadas com desrespeito e tratadas como tal. No seu olhar, no entanto, só restará vergonha e desilusões.Porque no dia em que venderam o seu corpo, tiraram-lhes como se fossem uma promoção a sua força e orgulho.

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